sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Missa

Fatos sem fotos Meses atrás o colega João Bosco Nascimento, enviou-me diversos tópicos falando da dúbia conveniência de os pais levarem as crianças à missa. Por falta de espaço temporal fui deixando o assunto cozinhando nos meus arquivos. Depois de presenciar vários fatos, sem fotos por falta de equipamento, resolvo dar meus palpites, à guisa de resposta. 1. Participando da missa dominical de hoje, apreciei belo exemplo de jovem mãe, assentada em banco à frente, com seu lindo filhinho, aparentando uns dois anos de idade. Quando sentiu que o pimpolho já não mais aguentava se portar de acordo com que se espera dentro do sagrado recinto, tomou o caminho da porta, levando o pimpolho para se expandir ao ar livre. 2. Minha própria experiência como educador, já me valeu em minhas preleções a pais, quando tive oportunidade de abordar o tema. Quando eu e minha esposa, mais por insistência desta, íamos à missa com os dois nossos filhos crianças, depois de certo tempo, ao começarem a se inquietar e movimentar, disfarçadamente, conduzia-os para o jardim onde se esbaldavam, apreciando as belezas da natureza. Enquanto isso, Pierina, distraidamente, assistia a missa, sem ser perturbada, e eu tranquilo por estar cumprindo o preceito de ir à missa uma vez por semana. Impropriamente cumprindo preceito, pois, não se admite verdadeira fé por imposição. 3. Belo exemplo de uma mãe, com a criança nos baços, de olhos atentos e suplicantes, ao receber nas mãos a hóstia consagrada, partindo-a ao meio, ministrando uma das partes ao infante. Sumo sacrilégio para os exegetas que pretendem preservar a reverência às espécies sacramentais, salutar exemplo de promoção participativa no banquete eucarístico, sem, naturalmente, ter que explicar que estaria dando-lhe de comer o corpo de Cristo, atitude a ser, perigosamente, interpretado como canibalismo, racionalmente reprovado pela própria Igreja. Difícil ou, mesmo, impossível dar uma resposta generalizada para a pergunta sobre a conveniência de se levar as crianças à missa dominical. Depende muito de circunstâncias. Em princípio, nunca como imposição de ato obrigatório. Tenho a convicção de que o fato de o adolescente começar a rejeitar à frequência à igreja pode ser atribuído, em grande parte, pelo fato de ter sido obrigada na infância. Ai vem o estereótipo, “Perdeu a fé”, como se religião se resumisse, no caso, em assistir missa e praticar dezenas de outros atos impostos por preceitos. Impõe-se o grande problema de os filhos terem que seguir a religião assumida pelos pais, também, por tradição familiar, não deixando opção de escolha pessoal levando, futuramente a questionamentos, não raro, gerando sérios problemas de consciência que vão desembocar em consultórios médicos, psicológicos e psiquiátricos. Teoricamente as igrejas admitem a liberdade de consciência, faltando, porém, traduzi-la na prática, frequentemente negada, a exemplo da imposição de dogmas, vigiados por imposição de severas penalidades aos descrentes, sendo classificados como apóstatas, condenados ao fogo do Inferno. Sirva de exemplo a afirmação de Bento XVI num de seus sermões ao povo na praça de São Pedro: “A Fé é ato profundamente livre e humano”. Logo ele que, como Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, silenciou inúmeros teólogos que expressaram discordâncias com relação ao pensamento tradicional da Igreja romana. Sempre acompanhei Pierina e nossos filhos à missa dominical, menos por convicção, mais por conveniência. Sabe-se lá, em consequência dessa conveniência, ao atingirem a adolescência, nossos filhos não mais quiseram ir à missa. Perderam a fé? Não creio. Certo dia, minha filha leu um artigo meu abordando a teoria de Baruc de Spinoza, ressaltando o lema “Deus sive Natura”. Pediu-me que escrevesse a frase numa folha de papel. Dias depois mandou-me, via internet, uma foto de sua perna onde se via tatuado - “Deus sive Natura”, com minha letra. Prova inconteste de que não perdera a fé, mudando, apenas a forma de expressar a Divindade. É urgente acabar com a tradição de que os pais tem que deixar aos filhos a herança da própria fé, com juramento no momento do batismo. Cite-se a frase dita pelo acima citado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, hoje, papa emérito, Bento XVI: “Fé não é para crianças, é para adultos.” Não, apenas, adultos fisicamente, mas, e principalmente, mental e psicologicamente amadurecidos.

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