segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Obras inacabads

Um passeio pela História da Humanidade revela indefinido número de obras inacabadas, esperando pelo ponto final de seus inventores. O papa Marcelo II está esperando , até hoje, para sair do purgatório , aguardando pelos últimos acordes da Missa exequial Papae Marcelli de Palestrina. O papa Júlio II aguarda, há séculos, pela volta de Michelangelo para dar as últimas esculpidas nas obras de seu mausoléu, para se sentir protegido pela monumental escultura representando uma fileira de escravos postos de guarda sobre seu túmulo. O famoso e imponente Coliseu, tornado inacabado por humana displicência, aguarda há séculos pelo retorno da dinastia imperial flaviana para tora-lo acabado. O Cristo Inacabado de Aleijadinho, está cansado de dormir deitado sem braços, esquecido em igreja de Minas Gerais. Um dos maiores rabiscadores de inventos da humanidade, Leonardo Da Vinci, se remexe em sua tumba, a cada tentativa de traduzir-lhe na prática o resultado de sua fértil imaginação, com receio de temerários plagiadores. Em breve veremos mais uma obra monumental tupiniquim, a Lava-Jato, a ser inscrita nas calendas gregas, cujo marco inicial e ponto final se perde na eternidade, à espera da ressureição de Sergio Moro para lhe pingar os pontos nos is. Quando tudo será concluído, não nos é dado adivinhar. O sábio Alan Kardec promete a reencarnação dos espíritos criadores para virem concluir suas obras. Aos cristãos é prometido o retorno de Jesus no fim dos tempos para, também ele, concluir sua obra redentora, deixada inconclusa, ao partir para o Céu. Com a ressurreição dos mortos e o juízo final, exigiria dos inventores, como penitência, a conclusão das obras deixadas a meio caminho. Por ora, as obras inacabadas só cumprem um missão: eternizar a inteligência de seus imaginativos criadores, recordados como heróis da humanidade pelo merecimento de terem inventado algo que não conseguiram concluir e ninguém se atreve a tenta-lo.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Procurando luz no final do túnel

Se não há como divisar entre os 12 togados do STF um representante do milenar Cícero para reverberar satírica catilinária contra mil Lúcio Sergio, enfileirados contra as instituições brasileiras, que, pelo menos, surgisse alguém com moral para plagiar a centenária Águia de Aia, repetindo, aos quaro ventos, o envergonhado discurso que permanece calado no fundo da consciência nacional: - “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Infelizmente, a desbotada Carmen Lúcia, pomposamente, assentada entre seus pares, protegida por negra e esvoaçante toga, ainda, não se apercebeu de sua missão como presidente da mais alta corte da Justiça. Parece oculta sob máscara que não condiz com a imagem que tentou projetar por ocasião de sua posse, quebrando o protocolo ao cumprimentar em primeiro lugar o povo brasileiro, prometendo cerrado combate à corrupção. Anda titubeante entre duas facções que se digladiam em busca de holofotes, dizendo discursos recheados de ambiguidades.