sexta-feira, 3 de maio de 2019

Papa Francisco



 A extensa carta de 19 sacerdotes e teólogos da ala conservadora da igreja romana, acusando o papa Francisco de heresia, suscita questionamentos, pondo em evidência proverbiais contradições, no caso, suscitando dúvidas sobre a suposta infalibilidade do papa, proclamada pelo papa Pio IX no  Concílio Vaticano I, no século XIX. Desde que coerentes com sua posição conservadora, os signatários da carta jamais se atreveriam a negar tal dogma, solenemente proclamado por um concílio universal da Igreja, correndo o risco de, também, serem declarados hereges. Imagine-se se Francisco, para valer-se de autoridade, recorresse à infalibilidade, supostamente outorgada pela sua eleição e posse, acreditadas  por obra do Espírito Santo. Estariam seus detratores, prostrando-se diante do sólio pontifício, em atitude de obediência, sem contestação, reconhecendo o papa como inconteste representante de Cristo? Tranquilizem-se os supostos possuidores da verdade, pois, diante de seu espírito conciliador e democrático, constantemente evidenciado em seu discurso, jamais Francisco usará de tal prerrogativa, preferindo o diálogo, em busca da verdade, sem ferir quem com ferro o fere. Quem sabe, um dia, iluminados por algum espírito do além, se convençam de que a liberdade de expressão se assenta, também, e  com mais razão, para o papa.

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