quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Culto aos santos

Não há como se comprovar, nem bíblica nem historicamente, a existência de culto a Maria, mãe de Jesus, desde o início do Cristianismo. Exegetas que advogam a existência de provas usam passagens dos evangelhos de cunho histórico que, a rigor, não autorizam deduzir indução ao culto a Maria, mãe de Jesus. A vida de Maria, assim como de outras personalidades como a dos apóstolos, está estreitamente ligada à história de Jesus contada nos evangelhos sem, necessariamente, significar que as referências tenham como objetivo recomendar o culto mariano. Não se está a negar a validade do culto a Nossa Senhora, como de qualquer outro santo. Pouco importa quando tal culto se iniciou. O que a Igreja deveria ter evitado é deixar que tal prática ultrapassasse os limites de uma simples devoção passando para uma adoração que por mais que, teoricamente, se diga o contrário, soa uma adoração levando os fieis a se arrastarem aos pés de imagens. Apesar dos esforços do Concilio Vaticano II, com frequência, nos altares, Cristo é colocado em segundo plano dando lugar a imagens de Nossa Senhora e dos santos distorcendo a essência da religião. Para cúmulo do desvirtuamento, Nossa Senhora e santos são recomendados como intercessores imediatos perante a Divindade, contrariando o evangélico preceito de que entre Deus e o homem só há um único mediador, Cristo. Não há nos evangelhos nenhuma menção de Cristo autorizando outros intercessores. Pelo contrário, ele mesmo se dispensa ao ensinar o Pai Nosso ligando o fiel, diretamente, com o Altíssimo. O culto a Maria está revestido de tantas práticas, às vezes, esdrúxulas, que acabam desvirtuando a verdadeira imagem da Mãe de Jesus. Quando, por exemplo, se reza a ladainha de dezenas de títulos que lhe são atribuídos, tem-se a impressão de ver Maria andando entre o povo com um embornal a tiracolo distribuindo centenas de invocações para cada circunstância da vida. E vai o fiel atrás de descobrir qual a melhor para cada momento. Já vi em ambiente familiar, altar na cabeceira da cama com dezenas de imagens, misturando santos com Maria representada sob diversos títulos, às vezes, o mesmo título sob formas e tamanhos diversos, a serem invocados a cada dia da semana e do mês, como se cada Nossa Senhora fosse outra. Tem-se a sensação de uma Nossa Senhora, tipo centopeia, que precisa de centenas de penas para alcançar os fieis. Bastaria-lhe o título de Mãe de Jesus, o único que, realmente, pode ser auferido dos evangelhos representando toda a verdade de sua presença na vida de Jesus (*). Espera-se que o papa Francisco, com sua clarividência, já tenha percebendo a distorção que domina a devoção a Nossa Senhora e dos santos necessitando ser-lhe impresso o sentido, puramente, devocional. Com o tempo, prudentemente, troque as visitas a santuários, onde a prática é mais distorcida, substituindo-as por subidas aos morros das favelas, palmilhando as ruelas esburacadas pela miséria para ensinar o verdadeiro sentido da religião a ser orientada para o Deus Misericórdia. BSB,, 13 de janeiro de 2016. (*) Vem a propósito a piada das duas devotas discutindo suas devoções a Nossa Senhora. Joselina confessa: - Sou devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Há anos venho lhe pedindo para engravidar. Quem sabe, um dia, consiga a graça. Mastalda, com bebê no colo, sugere: - Quer um conselho? Mude para Nossa Senhora da Conceição que, para o caso, é muito mais poderosa e adequada. Confie na minha experiência.

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