domingo, 14 de abril de 2019

Jesus (versão modificada)


Jesus, um mito na História da Humanidade?



      Mera suposição, a História Bíblica, durante milhares de anos teria construído uma mitologia que culminou com o aparecimento de Cristo sob o signo do Messias prometido. A partir daí, uma instituição, que veio a se denominar cristianismo, assenhoreando-se da Bíblia e dos ensinamentos evangélicos ditados por Cristo, construiu complicada estrutura dogmática, com base na missão messiânica de Jesus.

          Johann Wolfgang Goethe (1748-1832), com a autoridade do maior escritor alemão de todos os tempos, inconteste influenciador da literatura universal, em carta a seu amigo Johann Gottfried von Herder (1744-1803), não menos eminente pensador alemão, em setembro de 1788, deixou a seguinte mensagem a ecoar, através dos séculos, na mente dos exegetas de todas as crenças  sobre mais esse enigma proposto à humanidade:

  - É por causa do mito de Jesus que o mundo ainda poderá permanecer estacionário durante dez mil anos, e que ninguém raciocina convenientemente, pois é preciso dispensar tanta energia, ciência, inteligência e engenhosidade para defender este mito, quanto para refutá-lo.

        De acordo com dados estatísticos de The World FactbooK, elaborado pela CIA (2012), entre as principais religiões mundiais, o cristianismo conta com a minoria de 28% da população mundial. A esmagadora maioria de 72%, portando, não admite tal verdade, não cabendo às autoridades do cristianismo impô-la a toda a humanidade. Além do mais, respaldados pelo   discurso do papa Francisco, há de se admitir que boa parte dos 28%, desgastando ainda mais essa minoria, poderá usar do direito à dúvida, esperando provas mais convincentes.

        Se milhares de anos se passaram na evolução das espécies para aparecer o homo sapiens, quantos outros serão necessários para aparecer o  homo super sapiens para, quem sabe, tentar desvendar esse e outros enigmas escondidos nas mitologias dos povos, em busca da verdade? Com otimismo, Goethe deu 10 mil anos de estacionamento para a mente humana buscar a verdade. Fica evidente que não estava, simplesmente, negando a condição messiânica de Cristo, apenas, colocando-a no cadinho da dúvida, como recomendado pelo filósofo iluminista René Descartes em sua teoria da dúvida universal. Depois de tantas mitologias caindo no ostracismo da História, fica-se na convicção de que, com o passar dos milênios, os mitos transformam-se em mistérios, cuja existência aguça a inteligência humana, como sua razão de ser.  Em assim sendo, o mistério tem que ser eterno, para justificar a existência da razão. No frigir dos ovos, teria, por acaso, chegado o momento de aparecer um enigmático e imaginado filósofo para desfazer o consagrado refrão de Descartes – “Cogito ergo sum”, substituindo-o por - Penso mas não existo, pois, tudo o penso não passa de fantasia, enchendo o infinito com um universo que não existe?

         O que mais impressiona nas narrativas bíblicas é a quantidade de contradições e incoerências que o cristianismo tenta ocultar, sob interpretações nada convincentes, com intensão de impô-las aos fiéis e à humanidade, a pretexto de sua catolicidade. A título de exemplo, fique-se com a contradição, a ser considerada básica, revelada na genealogia de Cristo, narrada no evangelho de Mateus. A partir de Abraão, chega a José, esposo de Maria, revelando que não foi o pai de Jesus, passando a reponsabilidade para o Espírito Santo, como se este fosse descendente do rei Davi. Tudo para defender a virgindade perpétua de Maria. Os exegetas tentam reconstruir a ponte procurando provar, sem sucesso, que Maria seria descendente de Davi, quando toda a genealogia tem como cabeça o varão, não sendo a mulher, sequer lembrada. Se assim fosse, ter-se-ia que admitir que Jesus descendeu de uma prostituta, a cananeia Raabe, que ajudou Josué a conquistar Jericó. Convertida ao Deus de Abraão, tornou-se bisavó do rei Davi. Boa dica para explicar o futuro perdão de Jesus para a prostituta Madalena, livrando-a do apedrejamento. Salomão, inclusive, foi fruto de adultério entre Davi e Bersabeia, esposa de Urias. Como o deus de Abraão costumava escrever reto por linha julgadas tortas, os exegetas cristãos se aquietam, ainda que tentando esconder os fatos.

Elizio Nilo Caliman



Luxinvebo.blogspot.com

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