Jesus, um mito na História da Humanidade?
Mera suposição, a
História Bíblica, durante milhares de anos teria construído uma mitologia que
culminou com o aparecimento de Cristo sob o signo do Messias prometido. A
partir daí, uma instituição, que veio a se denominar cristianismo,
assenhoreando-se da Bíblia e dos ensinamentos evangélicos ditados por Cristo,
construiu complicada estrutura dogmática, com base na missão messiânica de
Jesus.
Johann Wolfgang Goethe (1748-1832),
com a autoridade do maior escritor alemão de todos os tempos, inconteste influenciador
da literatura universal, em carta a seu amigo Johann Gottfried von Herder
(1744-1803), não menos eminente pensador alemão, em setembro de 1788, deixou a
seguinte mensagem a ecoar, através dos séculos, na mente dos exegetas de todas
as crenças sobre mais esse enigma
proposto à humanidade:
- É por causa do mito de Jesus que o mundo ainda poderá permanecer estacionário durante dez mil anos, e que
ninguém raciocina convenientemente, pois é preciso dispensar tanta energia,
ciência, inteligência e engenhosidade para defender este mito, quanto para
refutá-lo.
De acordo com
dados estatísticos de The World FactbooK, elaborado pela CIA (2012), entre as
principais religiões mundiais, o cristianismo conta com a minoria de 28% da
população mundial. A esmagadora maioria de 72%, portando, não admite tal
verdade, não cabendo às autoridades do cristianismo impô-la a toda a humanidade. Além do mais, respaldados pelo discurso do
papa Francisco, há de se admitir que boa parte dos 28%, desgastando ainda mais
essa minoria, poderá usar do direito à dúvida, esperando provas mais
convincentes.
Se milhares de
anos se passaram na evolução das espécies para aparecer o homo sapiens, quantos
outros serão necessários para aparecer o
homo super sapiens para, quem sabe, tentar desvendar esse e outros
enigmas escondidos nas mitologias dos povos, em busca da verdade? Com otimismo,
Goethe deu 10 mil anos de estacionamento para a mente humana buscar a verdade.
Fica evidente que não estava, simplesmente, negando a condição messiânica de
Cristo, apenas, colocando-a no cadinho da dúvida, como recomendado pelo filósofo
iluminista René Descartes em sua teoria da dúvida universal. Depois de tantas
mitologias caindo no ostracismo da História, fica-se na convicção de que, com o
passar dos milênios, os mitos transformam-se em mistérios, cuja existência aguça
a inteligência humana, como sua razão de ser.
Em assim sendo, o mistério tem que ser eterno, para justificar a
existência da razão. No frigir dos ovos, teria, por acaso, chegado o momento de
aparecer um enigmático e imaginado filósofo para desfazer o consagrado refrão
de Descartes – “Cogito ergo sum”, substituindo-o por - Penso mas não existo,
pois, tudo o penso não passa de fantasia, enchendo o infinito com um universo
que não existe?
O que mais
impressiona nas narrativas bíblicas é a quantidade de contradições e
incoerências que o cristianismo tenta ocultar, sob interpretações nada
convincentes, com intensão de impô-las aos fiéis e à humanidade, a pretexto de
sua catolicidade. A título de exemplo, fique-se com a contradição, a ser
considerada básica, revelada na genealogia de Cristo, narrada no evangelho de
Mateus. A partir de Abraão, chega a José, esposo de Maria, revelando que não
foi o pai de Jesus, passando a reponsabilidade para o Espírito Santo, como se
este fosse descendente do rei Davi. Tudo para defender a virgindade perpétua de
Maria. Os exegetas tentam reconstruir a ponte procurando provar, sem sucesso,
que Maria seria descendente de Davi, quando toda a genealogia tem como cabeça o
varão, não sendo a mulher, sequer lembrada. Se assim fosse, ter-se-ia que
admitir que Jesus descendeu de uma prostituta, a cananeia Raabe, que ajudou
Josué a conquistar Jericó. Convertida ao Deus de Abraão, tornou-se bisavó do
rei Davi. Boa dica para explicar o futuro perdão de Jesus para a prostituta
Madalena, livrando-a do apedrejamento. Salomão, inclusive, foi fruto de
adultério entre Davi e Bersabeia, esposa de Urias. Como o deus de Abraão
costumava escrever reto por linha julgadas tortas, os exegetas cristãos se
aquietam, ainda que tentando esconder os fatos.
Elizio
Nilo Caliman
Luxinvebo.blogspot.com