terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Política x politicagem

Pensamentos que voam (*)
 Elizio Nilo Caliman - Brasília
1.     Parecerá fichinha o Apocalipse do apostolo São João diante do tsunami anunciado pela Lava Jato, mediante a delação de 77 lúgubres trombeteiros da Odebrecht, torpedeando a corrupta Babilônia instalada no Brasil. Um anjo, lançando-a ao mar, anunciará: “E assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será achada” (Ap. 18:21). E virá o anjo do bem anunciando a Nova Jerusalém, a pátria redimida (21:9), tão suspirada pelo sofrido povo brasileiro.
2.   Enfim, Renan vira réu! Será que, com folego de gato de sete vidas que a natureza lhe deu, vai dar a volta por cima levando o processo para as calendas gregas, desde que é sabido que no STF existe sempre o bom amigo para pedir vistas ao processo, sem dias a serem contados para a devolução ao plenário? Não foi atoa que a aceitação da denuncia pelo STF demorou 1.406 dias. Está na hora de o Supremo Tribunal Federal começar a pensar uma estratégia para evitar semelhantes manobras que acabam desprestigiando a instituição.
3.     Se o povo descuidar, num Brasil sendo construído às avessas por uma corja de bandidos corruptos, corre-se o perigo de termos um pais virado de cabeça para baixo, tornando-se refém de um Congresso pervertido que, atingindo a Justiça e o Ministério Público, minará a nação inteira. Acorda Brasil em direção às ruas, em defesa da Lava Jato.
4.     Antigamente, nos processos de canonização de santos na igreja Romana, existia o advogado do diabo encarregado de suscitar empecilhos de forma a não permitir que candidatos fossem eleitos sem os devidos merecimentos. No STF existem um Dias Toffoli da vida encarregado de engendrar intempestivos pedidos de vista em processos para que santos eleitos com os votos do povo não  sejam alijados dos altares da pátria por não mais merecerem a confiança dos que os elegeram.
5.     Não é concebível que o presidente do Senado, sendo impedido de estar na linha sucessória da presidência da República, por ter sido declarado réu pela Justiça, tenha condições de continuar a dirigir a mais alta instituição legislativa representando a nação brasileira. Quem comete um crime, pode cometer dois, três, com possível multiplicação ao infinito, pondo em risco a estabilidade das instituições, com imprevisíveis e incalculáveis prejuízos à nação brasileira. O simples fato de se furtar a receber notificação judiciária, com ostensiva intenção de não acatá-la, já indica as distorcidas intenções de um presidente do Senado, com o agravante de ter sido reconduzido ao cargo, depois de ter se afastado do mesmo, em situação anterior, para não ter o mandato cassado.
6.     Fingindo-se de prudentes, os magistrados do Supremo Tribunal Federal procrastinam o julgamento final de Renan Calheiros, expondo-o ao risco de entrar para as calendas gregas. Está na cara que o presidente do Senado, se impedido de suceder o presidente da República, por ser indiciado como réu de crime, não tem mais condições de dirigir a mais alta instituição encarregada de fazer leis e vigiar seu cumprimento. Com a bazófia que lhe é peculiar, Renan vai continuar a cometer desatinos desafiando, inclusive, a mais alta corte da Justiça. Mas importante do que remediar é prevenir para que as coisas não cheguem ao ponto de estarem penduradas sobre o abismo. “A intenção do pecado revela-se por uma prudência exagerada”, diz Jean Paul. Torça-se para que o STF não chegue tarde demais para evitar males maiores. O povo está cansado de esperar pelo imprevisível.
7.     Renan Calheiros peitou o STF e levou a melhor. O Supremo se acovardou, a pretexto de respeitar a Constituição. Outras peitadas ameaçam trovejar nos céus do Brasil. A guerra dos titãs está declarada. Quem vai vencer, os cronos liderados por Renan Calheiros, acolitado pelo tofoliano Dias e seus comparsas, ou os deuses olímpicos instalados no STF? E uma revista de circulação semanal, ainda, pergunta: “Até tu, STF? Há de se perguntar nas palavras do poeta cantor: - “Até quando você continuará Nessa sua indecisão, Procurando no pecado Sua realização...?”
8.     A horda de vândalos não está na rua, está infiltrada no Congresso Nacional, onde parlamentares, à revelia de serem representantes do povo, conspurcam a Carta Magna da nação brasileira vandalizando as instituições democráticas com a mais deslavada cara de pau. Para lá deveria ser desviada e perfilada, em permanente vigilância, a soldadesca encarregada de manter a ordem pública.
9.     Depois das elogiosas referencias, na boca de governantes, ainda que a contra gosto, à ordeira e incisiva  manifestação popular nas ruas contra a corrupção que domina o Congresso Nacional, espera-se que seus dirigentes tenham entendido o recado do povo, desistindo das perversas intenções de tramar, na escuridão da noite, as mais torpes manobras contra as instituições democráticas para cuja defesa foram eleitos pelo povo brasileiro.
10.           É, apenas, questão de ponto de vista: para os pessimistas, o alijamento do presidente do Sanado pelo ministro Marco Aurélio, foi a suprema derrota do poderoso Renan; para os otimistas, a suprema vitória da democracia defendida pelo povo nas ruas.
11.           Com relação ao presidente do Senado, descumprindo uma decisão de um dos membros do STF, ordenando seu afastamento do exercício do cargo por estar sendo declarado réu em julgamento pelo mesmo Tribunal, suspenso intempestivamente por pedido de vistas de outro ministro, impedindo-o de estar na linha de sucessão do presidente da República, para não se sentir premido a definir o mérito da liminar  a toque de caixa, restaria ao STF ordenar a prisão preventiva de Renan Calheiros, por desobediência a ordem judicial, para que, preso, espere a definição definitiva sem colocar em risco a lisura do processo.
12.           Inexplicável incoerência, o STF retirar do presidente do Senado a prerrogativa, maior representada pelo direito de suceder ao presidente da República, preservando-lhe as demais atribuições que a Constituição Federal lhe outorga, colocando em risco de usá-las, sub-repticiamente, para atingir seus desafetos. Isso já tem acontecido, pretendendo limitar as atribuições de outros poderes, a exemplo da Suprema Corte da Justiça e do Ministério Público.
13.            Ao atender liminar pedindo o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado, o juiz do STF Marco Aurélio nada mais fez do que atender, dentro da legalidade, ao pedido do povo brasileiro veementemente ecoado em praça pública dando, inclusive pedalada no juiz Dias Tóffoli que, intempestivamente, pediu vistas ao processo.
14.           A única forma de Michel Temer salvar seu governo seria o apoio popular se soubesse ouvir a voz do povo gritando pelas ruas – fora a corrupção.  Infelizmente, com seu staff de primeira linha infiltrado por uma corja de malfeitores, de igual quilate, pipocando a cada dia ao som da asquerosa delação premiada, prenuncia um fim melancólico, senão trágico de seu mal ajambrado governo.
15.           Temer cobrar celeridade à Lava-Jato, até parece pressa para acabar com seu estrambelhado governo cujos membros, juntamente com ele, estão na mira da Justiça.
16.           É triste e constrangedor, o uso de folclóricos apelidos aplicados aos políticos, na dramática situação em que se encontra o Brasil. É sinal evidente de que a política tupiniquim virou piada desenhada em quadrinhos. É tentar fazer o povo rir da própria desgraça disfarçando a decepção e a desilusão.
17.           Sempre ouve-se dizer que decisões da Justiça cumprem-se. É um princípio basilar a ser observado por qualquer cidadão, sem acepção de pessoa. O que o presidente do Senado Renan Calheiros fez, não peitando decisão de um juiz membro do STF, foi um acinte â ordem jurídica. Justa ou não, a ordem deveria ser obedecida aguardando confirmação, ou não, do colegiado que, por sorte sua e desagrado da opinião pública, deu-lhe a favor, subvertendo o tão decantado princípio.        
18.           Proverbio tupiniquim: A cavalo dado olha-se, apenas, a intenção do doador (Autor dez conhecido).
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