Pensamentos
que voam (*)
Elizio Nilo Caliman - Brasília
1. Parecerá
fichinha o Apocalipse do apostolo São João diante do tsunami anunciado pela
Lava Jato, mediante a delação de 77 lúgubres trombeteiros da Odebrecht,
torpedeando a corrupta Babilônia instalada no Brasil. Um anjo, lançando-a ao
mar, anunciará: “E assim, com ímpeto, será arrojada Babilônia, a grande cidade,
e nunca mais será achada” (Ap. 18:21). E virá o anjo do bem anunciando a Nova
Jerusalém, a pátria redimida (21:9), tão suspirada pelo sofrido povo
brasileiro.
2. Enfim, Renan vira réu! Será que, com folego de gato de sete vidas que a
natureza lhe deu, vai dar a volta por cima levando o processo para as calendas
gregas, desde que é sabido que no STF existe sempre o bom amigo para pedir
vistas ao processo, sem dias a serem contados para a devolução ao plenário? Não
foi atoa que a aceitação da denuncia pelo STF demorou 1.406 dias. Está na hora
de o Supremo Tribunal Federal começar a pensar uma estratégia para evitar
semelhantes manobras que acabam desprestigiando a instituição.
3. Se o povo
descuidar, num Brasil sendo construído às avessas por uma corja de bandidos
corruptos, corre-se o perigo de termos um pais virado de cabeça para baixo,
tornando-se refém de um Congresso pervertido que, atingindo a Justiça e o
Ministério Público, minará a nação inteira. Acorda Brasil em direção às ruas,
em defesa da Lava Jato.
4. Antigamente,
nos processos de canonização de santos na igreja Romana, existia o advogado do
diabo encarregado de suscitar empecilhos de forma a não permitir que candidatos
fossem eleitos sem os devidos merecimentos. No STF existem um Dias Toffoli da
vida encarregado de engendrar intempestivos pedidos de vista em processos para
que santos eleitos com os votos do povo não
sejam alijados dos altares da pátria por não mais merecerem a confiança
dos que os elegeram.
5. Não é
concebível que o presidente do Senado, sendo impedido de estar na linha
sucessória da presidência da República, por ter sido declarado réu pela
Justiça, tenha condições de continuar a dirigir a mais alta instituição
legislativa representando a nação brasileira. Quem comete um crime, pode
cometer dois, três, com possível multiplicação ao infinito, pondo em risco a
estabilidade das instituições, com imprevisíveis e incalculáveis prejuízos à
nação brasileira. O simples fato de se furtar a receber notificação judiciária,
com ostensiva intenção de não acatá-la, já indica as distorcidas intenções de
um presidente do Senado, com o agravante de ter sido reconduzido ao cargo,
depois de ter se afastado do mesmo, em situação anterior, para não ter o
mandato cassado.
6. Fingindo-se
de prudentes, os magistrados do Supremo Tribunal Federal procrastinam o
julgamento final de Renan Calheiros, expondo-o ao risco de entrar para as
calendas gregas. Está na cara que o presidente do Senado, se impedido de
suceder o presidente da República, por ser indiciado como réu de crime, não tem
mais condições de dirigir a mais alta instituição encarregada de fazer leis e
vigiar seu cumprimento. Com a bazófia que lhe é peculiar, Renan vai continuar a
cometer desatinos desafiando, inclusive, a mais alta corte da Justiça. Mas
importante do que remediar é prevenir para que as coisas não cheguem ao ponto
de estarem penduradas sobre o abismo. “A intenção do pecado revela-se por uma
prudência exagerada”, diz Jean Paul. Torça-se para que o STF não chegue tarde
demais para evitar males maiores. O povo está cansado de esperar pelo
imprevisível.
7. Renan
Calheiros peitou o STF e levou a melhor. O Supremo se acovardou, a pretexto de
respeitar a Constituição. Outras peitadas ameaçam trovejar nos céus do Brasil. A
guerra dos titãs está declarada. Quem vai vencer, os cronos liderados por Renan
Calheiros, acolitado pelo tofoliano Dias e seus comparsas, ou os deuses
olímpicos instalados no STF? E uma revista de circulação semanal, ainda,
pergunta: “Até tu, STF? Há de se perguntar nas palavras do poeta cantor: - “Até
quando você continuará Nessa sua indecisão, Procurando no pecado Sua
realização...?”
8. A horda de
vândalos não está na rua, está infiltrada no Congresso Nacional, onde
parlamentares, à revelia de serem representantes do povo, conspurcam a Carta
Magna da nação brasileira vandalizando as instituições democráticas com a mais
deslavada cara de pau. Para lá deveria ser desviada e perfilada, em permanente
vigilância, a soldadesca encarregada de manter a ordem pública.
9. Depois das
elogiosas referencias, na boca de governantes, ainda que a contra gosto, à
ordeira e incisiva manifestação popular
nas ruas contra a corrupção que domina o Congresso Nacional, espera-se que seus
dirigentes tenham entendido o recado do povo, desistindo das perversas
intenções de tramar, na escuridão da noite, as mais torpes manobras contra as
instituições democráticas para cuja defesa foram eleitos pelo povo brasileiro.
10.
É, apenas, questão de ponto de vista: para os pessimistas, o alijamento
do presidente do Sanado pelo ministro Marco Aurélio, foi a suprema derrota do
poderoso Renan; para os otimistas, a suprema vitória da democracia defendida
pelo povo nas ruas.
11.
Com relação ao presidente do Senado, descumprindo uma decisão de
um dos membros do STF, ordenando seu afastamento do exercício do cargo por
estar sendo declarado réu em julgamento pelo mesmo Tribunal, suspenso
intempestivamente por pedido de vistas de outro ministro, impedindo-o de estar
na linha de sucessão do presidente da República, para não se sentir premido a
definir o mérito da liminar a toque de
caixa, restaria ao STF ordenar a prisão preventiva de Renan Calheiros, por
desobediência a ordem judicial, para que, preso, espere a definição definitiva
sem colocar em risco a lisura do processo.
12.
Inexplicável incoerência, o STF retirar do presidente do Senado a
prerrogativa, maior representada pelo direito de suceder ao presidente da
República, preservando-lhe as demais atribuições que a Constituição Federal lhe
outorga, colocando em risco de usá-las, sub-repticiamente, para atingir seus
desafetos. Isso já tem acontecido, pretendendo limitar as atribuições de outros
poderes, a exemplo da Suprema Corte da Justiça e do Ministério Público.
13.
Ao atender liminar pedindo o afastamento de
Renan Calheiros da presidência do Senado, o juiz do STF Marco Aurélio nada mais
fez do que atender, dentro da legalidade, ao pedido do povo brasileiro
veementemente ecoado em praça pública dando, inclusive pedalada no juiz Dias
Tóffoli que, intempestivamente, pediu vistas ao processo.
14.
A única forma de Michel Temer salvar seu governo seria o apoio
popular se soubesse ouvir a voz do povo gritando pelas ruas – fora a
corrupção. Infelizmente, com seu staff
de primeira linha infiltrado por uma corja de malfeitores, de igual quilate,
pipocando a cada dia ao som da asquerosa delação premiada, prenuncia um fim
melancólico, senão trágico de seu mal ajambrado governo.
15.
Temer cobrar celeridade à Lava-Jato, até parece pressa para acabar
com seu estrambelhado governo cujos membros, juntamente com ele, estão na mira
da Justiça.
16.
É triste e constrangedor, o uso de folclóricos apelidos aplicados
aos políticos, na dramática situação em que se encontra o Brasil. É sinal
evidente de que a política tupiniquim virou piada desenhada em quadrinhos. É
tentar fazer o povo rir da própria desgraça disfarçando a decepção e a
desilusão.
17.
Sempre ouve-se dizer que
decisões da Justiça cumprem-se. É um princípio basilar a ser observado por
qualquer cidadão, sem acepção de pessoa. O que o presidente do Senado Renan
Calheiros fez, não peitando decisão de um juiz membro do STF, foi um acinte â
ordem jurídica. Justa ou não, a ordem deveria ser obedecida aguardando
confirmação, ou não, do colegiado que, por sorte sua e desagrado da opinião
pública, deu-lhe a favor, subvertendo o tão decantado princípio.
18.
Proverbio tupiniquim: A cavalo dado olha-se, apenas, a intenção do
doador (Autor dez conhecido).
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