quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Deus

 

Deus existe 

        Não há como negar a existência de um ser supremo que paira cima de todas as coisas, sustentando a realidade do Universo. Depois de infindas tiradas, às vezes zombeteiras, contra religião, aquela taxada por Marx de “ópio do povo”, o filósofo Voltaire saiu-se com a expressão – "Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo".     

    Se existem ateus, muitos deles é porque não acreditam nesses deuses, inventados pelos homens, invertendo a Bíblia, criando-os a sua imagem e semelhança, com suas qualidades e defeitos, elevados à enésima potência. Há de se imaginar Deus com prorrogativas e atributos bem diferentes aos destinados aos seres viventes do Universo.

Deus uno e trino, Pai, Filho e Espirito Santo? À razão humana, os termos uno e trino se contrapõem, de difícil compreensão. Só mesmo recorrendo ao mistério, frequentemente utilizado pelas igrejas, para indicar a sublimidade da religião. No Antigo Testamento não se encontra nenhuma passagem que indique tal mistério. Tida como inspirada, ensina ao povo hebreu a existência de Deus supremo único, o Deus de Abraão, frequentemente dito “O Senhor”. Às vezes, dá a impressão da existência de outros deuses inferiores, os dos pagãos, a serem derrotados.

No Novo Testamento, algumas passagens falam do Filho e do Espirito Santo, sendo que Jesus sempre se reporta ao Pai. Espírito Santo pode ser interpretado como um dos atributos da Divindade e filho como se diz que todos somos filhos da Deus. Várias passagens do NT lembram tal verdade. Por amor à brevidade, cite-se, apenas, São Paulo aos Gálatas: “Mas, depois que veio a fé, já não dependemos de pedágio, porque todos somos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo” (3:25-26). Os primeiros cristãos não se preocuparam com a verdade da Trindade.

O dogma da divindade do Filho, Jesus Cristo, só foi proclamado em 325, no Concílio de Nicéia. O do Espírito Santo, tardiamente, em 1274, no Concilio de Lion (França), depois de homéricos debates.  O Espírito Santo ficou conhecido com o nome “Filioque”, rejeitado pela igreja Ortodoxa Oriental. Sua inclusão no Símbolo dos apóstolos, pela igreja Romana, foi o pivô decisivo da separação das duas igrejas, que provocou a excomunhão mútua dos dois chefes, o papa de Roma e o patriarca da Ortodoxa Oriental.

Admitida a existência de Deus, todos os seres do Universo lhe devem reverência, cada qual a seu modo. Ao ser humano através da religião. Religião no sentido popular de religar o homem à Divindade, desde que, supostamente, desligado pelo pecado original de Adão e Eva.

A religação é feita entre o ser e Deus, não com Nossa Senhora, os santos e anjos. A reverência e devoção a essas personalidades é legítima, desde que não interfira, negativamente, na ligação direta com Deus, o que, frequentemente, acontece.

Brasília, 7 de janeiro de 2021.

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